domingo, 14 de outubro de 2012

Por Rudyeri Ribeiro : Os Homens Que Não Amavam as Mulheres - Stieg Larsson



Título: Millennium 1 - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
Autor: Stieg Larsson
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 522


Só depois de ler a trilogia Millennium e se surpreender a cada página, que percebemos o quão grandiosa, revolucionária e intrigante ela é. E vencer pouco mais de 1.800 páginas não é fácil. Mas a história é tão envolvente que simplesmente não se consegue parar.


Os Homens que Não Amavam as Mulheres está dividido em núcleos distintos, que se envolvem em uma narrativa só. Mikael Blomkivist é o co-fundador da revista Millennium, uma revista respeitada que expões as falcatruas do estado sueco. Mas Mikael acaba se dando mal quando escreve sobre o poderoso Hans-Erik Wennerströn e é processado por difamação. Sem ter como provar ele perde a causa. Mikael nem imagina que Lisbeth Salander, uma obscura e genial hacker, que não é tão frágil quanto parece, fizera um relatório sobre ele a mando de Dirch Frode, o advogado de Henrik Vanger, dono de empresas que é atormentado há mais de 40 anos pelo mistério do desaparecimento de sua sobrinha, no dia em que na ilha em que ele e muitos outros – muitos mesmo – membros estranhos da família Vanger residem estava totalmente lacrada por conta de um acidente que havia fechado a única ponte que ligava a ilha à cidade. Apesar de Harriet ter sumido sem deixar nenhum vestígio – nenhum corpo encontrado, nenhum barco usado para atravessar o rio, —, Henrik Vanger acredita que sua sobrinha fora assassinada. Para descobrir o que realmente aconteceu há 40 anos atrás, Herink – depois de ler o relatório sobre Blomkvist – resolve contratar Mikael, oferecendo em troca – além de uma recompensa em dinheiro generosíssima – a cabeça de Wennerströn em uma bandeja. Mikael aceita e se muda para ilha com o pretexto de uma “crônica da família Vanger”, quando na verdade investiga o desaparecimento de Harriet. No meio de familiares estranhos e quase todos suspeitos, Mikael começa a se ver em meio a uma confusa e inacabada trágica história. A perturbada Lisbeth Salander, uma garota estranha e antissocial ao extremo, a princípio não está envolvida na investigação — está enrolada em seus próprios problemas —, mas se alia a Mikael Blomkvist para descobrir um mistério que é mais podre e aterrorizante do que parece, levando até um serial killer de mulheres.

Logo no primeiro capítulo do primeiro volume da Trilogia Millennium, o leitor percebe que não vai ser uma coisa muito fácil largar o livro. Stieg Larsson cria situações tão bem explicadas que nem com uma lupa se encontraria uma fenda sequer em sua verossimilhança. Uma mostra disso é sem dúvida as primeiras páginas falando sobre as flores enquadradas que Henrik Vanger recebia e também o suposto caso de corrupção de Hans-Erik Wennerström. Eu diria que só nessas páginas já sabemos que o livro inteiro vai ter a verossimilhança de uma história real. O detalhamento de personalidades e coisas fora do círculo principal acentua bem a personalidade do próprio Larsson. E o grande escritor que ele foi. É uma pena ele ter nos deixado sem mais alguma outra série de livros ou, talvez, uma continuação para franquia Millennium.

 O livro é de uma genialidade só. Tanto a trama central e sub-tramas são completamente envolventes, quanto os personagens são fascinantes. Principalmente, é claro, Lisbeth Salander. Uma heroína completamente diferente do que já se tinha visto. Tanto a aparência singular como na personalidade mórbida e obscura. Lisbeth Salander nos deixa afeiçoados, compadecidos com ela e revoltados com as situações pelas quais ela passa. E Mikael Blomkvist? Um homem determinado, obsessivo até, que vai até o fim em seus objetivos. Não desiste fácil. Aliás não desiste nunca. Os personagens principais são completamente diferentes. E de certa forma se completam. Os personagens são de uma profundidade tão grande que é impossível ditar cada uma de suas características. São complexos demais.

 O convívio com Lisbeth Salander mostra muito dela e ao mesmo tempo só a aprofunda ainda mais. Suas próprias reflexões que são expostas nos deixam essa sensação. Mas o que enfatiza que aquele ser frágil pode ser muito perigoso é a sua vingança contra a violência sofrida pelo seu tutor Nils Bjurman. Quando ela se junta com Mikael Blomkvist, ficam imbatíveis. Não que precisasse dele para ser tal.

O enredo é cru e violento. Que traz uma mensagem clara contra o abuso de mulheres. E são muitos no livro. Desde a própria Lisbeth Salander – em sequências que faz qualquer um ficar revoltado –, até a personagem desaparecida e tema da investigação Harriet Vanger. A crueldade do livro é de certa forma, precisa. No começo de cada parte do livro Larsson coloca dados de tipos de violência sofridos por mulheres que faz com que os abusos sofridos por personagens principais e secundários do livro possam, até, acontecer na vida real.

Com um desfecho eletrizante e um caminho até ali igualmente grandioso, o primeiro volume da trilogia Millennium é primoroso. A investigação nos envolve de um jeito inigualável. Mas esse é só o primeiro capítulo de uma trilogial genial.

Um comentário:

  1. O tema é impressionante,o enredo é involvente,e embora não faça meu genero textual, me convenceu que pode vir a ser uma leitura realmente impressionante... a resenha ficou muito boa, parabéns... ;*

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